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sábado, 30 de março de 2013

Páscoa na roça (Zé e Rosinha)

 
 
 
 
Eita qui num sei pra que tanta festança, é ano novo di novo,í pensei qui ia mi da bem nu carnavar, i mi lasquei.
Mais Rosinha recebeu a visita de uma prima da cidade Grandi, a cascaver da minha sogra ínté mi disse pra ir na cidade cumprar um tar de bacaiau, diaxu, mais qui bixu é esse...
Vo mesmo é pra bera du rio, purque o padre da cidade disse que num pode cume carne, na semana santa, mas intão peixe é feito di que?? E cueio bota ovo? Purque Rosinha num para di dizer pra Ymim qui o cuieo da pascoa vai trazer um ovo pra ela...diaxo cada custume esquisito...
Nu dumingo antes da tar de pascua , eu e minha famia fomo pra cidade,purque na igrijinha tava tendo a missa di ramus , fui pru mato pega uns gainhos verdinho, pra tudo mundo , foi ai qui mi lasquei, tropecei e cai nu pé di urtiga, passei o dia cuçando inté a sombranceia...
Ai chegou a sexta-feira santa dia di festança, a prima da Rosinha chegou.
I num é qui ela troxe o tar ovo di pascua, pesava um quilo e meio, ai pensei preciso achar essa variedade di cueio , i até fiqui cum dó do bichinho, afinal gertrudis minha galinha , pena pra bota um ovo bem menor.
Cumo num tinha o tar de bacaiao, serviu os peixinhos qui peguei no rio mesmo, tinha traira sem espinho, insopado di bagre, i bolinho di lambari, só coisa di primera viu.
Ai veio a prima di Rosinha i mi disse que no dia seguinte era sábado di aleluia, i mi disse que era dia de maia o Judas...
Na mesma hora pidi licensa , selei meu pangaré , i fui avisar o Cumpadre Judas Bichu di Pé, qui mora a duas léguas daqui, afinar ele num pudia sair di casa, purqi se não a coisa ia fica feia pra ele...
I veio intão u dumingo, a jararaca di minha sogra feis nóis ir inté a cidade di novo, quiria ver a missa di Pascua ,foi ai qui intendi qui a tra di Pascua num era só festança ,i sim renascimento da isperança , i vortamus pra casa, mais tranquilos...
Mais cunfesso ainda tem uma coisa martelando minha cachola, si cueio come cenora e capim , cumo bota ovo di chocolate i ainda daquele tamanho, vo compra uns bichinhos desse, afinar anu qui vem tem pascua di novo, arguém sabe donde vende esse tar di cueio di pascoa?


Su Aquino e Ricardo Vichinsky



domingo, 17 de março de 2013

VISITA


Visita

Sentada em frente ao hospital aguardo a hora da visita. Surreal essa situação ...

As pessoas que se movem ao meu redor parecem coadjuvantes do meu pesadelo. Já fui preparada para o que vou encontrar.Todos sabem que sou sensível ao sofrimento daqueles a quem amo.Sem desmaios ou escândalos .Eu me calo quando sou ferida por dentro.Por fora a calma e por dentro a devastação.
Sinto-me impotente diante do que não posso mudar.
Em minha mente vejo seu sorriso jovial. Sua fé inabalável em um Deus vivo e poderoso. Mesmo em momentos de crises sua fé não se abalava.
Tão difícil acreditar que nossas conversas durante a tarde, nossos lanches, nossos risos não acontecerão mais. E os seus planos de um amanha que não existirá como você planejou.
Desde que soube da gravidade da situação nunca duvidei. Sei que você está prisioneira do seu corpo anestesiado.
Faltam minutos para liberarem a entrada dos visitantes. Eu peço a Deus coragem.
Passo pela segurança e subo as escadas desejando que elas não acabassem...
Entro no seu quarto e me aproximo seguida por um olho verde vivo, arregalado, surpreso.
Olho que me segue ate eu me aproximar.
Você esta consciente, nunca duvidei. Lágrimas descem pela sua face ,sua emoção, sua tentativa de falar.
Toco sua face e sei que me entende quando digo. Você vai sair dessa.
Sinto-me feliz por estar ali e ver que você está bem melhor que as noticias que recebi.
Contrariando todos os diagnósticos você esta se mexendo. Guerreira e lutadora não vai se entregar.

Quando o horário de visita termina me despeço com um beijo na sua testa. E com a certeza que mesmo com a distancia que existirá entre nós,um dia nos reencontraremos .Unidas pela mesma fé.

domingo, 10 de março de 2013

SENHOR DOS POEMAS



SENHOR DOS POEMAS


Observa o poeta
O tempo a desfilar
Acostumado às estações
Nunca às novas emoções

Na primavera o perfume das flores
No outono caminha plácido sobre o tapete das folhas
No verão deixa-se aquecer pelo calor do sol
E nas noites de inverno por uma lareira e um corpo quente

Sábio poeta usufrui as estações
Sem se intimidar com as trocas de roupa
Desnuda-se e se veste no tocar de uma canção
Renovando-se em cada acorde


Sapos e príncipes só nas fábulas
Organizados pela emoção diária
Braços abertos aos amigos
Que agasalha em seu coração


Su Aquino/Mário Feijó